Realmente deixei de pensar, emburreci. Talvez tenha vivido o
desfazimento das primeiras fantasias.
Num mundo pós-moderno sem muitas ideologias ou se calhar o
inverso, ideologias a mais, o mundo de alguma forma me pareceu fácil. Podia
abrir mão de mim, #só#que#não#… sim, vou me dar ao luxo de não ser uma
intelectualzinha e me esbaldar nos jargões virtuais.
Pois bem, passados alguns anos e com os primeiros sintomas
de maturidade e lucidez vi que caí no erro de querer ser o que não era.
Percebida a minha incoerência comportamental com a minha
essência, constatei o meu emburrecimento e o meu posterior amadurecimento.
Passo agora a discorrer sobre as minhas conclusões.
Nos deixamos levar muito por comodismos e prazeres físicos,
é não falo de sexualidade, mas de conforto material e acabamos em algum momento
por abdicar da nossa natural atitude perante a vida em função disso.
Talvez a minha sorte tenha sido nunca me ter libertado do
sentimento de incompletude que carrego comigo, porque me faz nunca aceitar a
dependência emocional e me impele a ser uma individualista sentimental nada
gregária. Sou natural e imprevisivelmente do contra. Se me amam, não amo. Se
não me amam, amo loucamente. Um grande mecanismo de defesa infantil.
Graças a Deus sinto que a fase sadomasoquista com que lidava
com o sentimento do amor passou e já chorei meus dissabores. Me sinto mais
mulher. Mas capaz de amar. Mas consciente de quem amar e de como amar. Aliás,
sempre o soube e talvez por isso até agora nunca tenha vivido um amor. Não o
reconheci.
Com certeza, após esta fase de emburrecimento maduro,
constato que devemos apreciar nossa singularidade e características. Vale muito
a pena exercitar o lado crítico, ler e ver bons filmes. Passou tanta gente
interessante por este mundo e o bom é que deixaram pegadas.
Originalidade acima de tudo, futilidades, não por favor.
Machismo, não por favor… quero gozar. Feminismo, não por favor, quero que ele
goze. Homens sarados, só com parlapier patenteado. Nada mais orgástico que um
homem fisicamente normal ou bonitinho que fica cada vez mais sensual e atraente
a cada palavra, comentário, ou quando ele dá aquela arqueada de sobrancelha a
um comentário seu e joga uma pergunta de retranca para te testar, te “saber”.
Quanto a sexo casual, não obrigada. Quando a gente cresce a
gente aprende que sexo é bom quando há sentimento. E quanto ao meu
emburrecimento, empacar pode nos fazer pensar e pensar dá um óptimo
resultado.