Que seja um espaço vivo... um diário revoltado,aberto, público; Que seja suave,agradável,envolvente; Que seja quente,ardente,eloqüente... Que seja fácil,pronto,seguro,disposto.

domingo, 8 de maio de 2011
Os orgasmos de Isabela
Há muito que Isabela desejava aquele homem. Já haviam se encontrado algumas vezes em casa de amigos e conhecidos em comum, haviam trocado algumas palavras, algumas ideias, mas nada conciso ou revelador, o mistério sempre permanecia.
Naquela manhã Isabela acordou com um forte desejo, queria aquele homem.
Trocaram algumas palavras, acendeu algumas velas e incenso, a luz foi tornada indirecta e tocaram-se.
Isabela principiou por mordiscar o lábio masculino, entrelaçou os dedos em sua nuca e sentou-se em seu colo. Sentiu a erecção masculina mas não deixou que o ego a dominasse.
Beijou-lhe com escrutínio, a procura de algo que só ela sabia o que era. O homem abraçou-lhe o corpo, abocanhou seu seio direito e sussurrou algo indizível.
Isabela já sentia seu sexo molhado, seu ponto de prazer estava ansioso por ser acariciado. Ele lambia seu pescoço, sua orelha, a palma de sua mão!
Isabela ainda ponderava se iria se entregar a aquele momento. Podia levantar-se e sair dali sem sequer olhar para trás, ignorar por completo aquelas sensações.
Ela pôs em sua boca o dedo indicador de seu macho e depois o introduziu em sua vagina, era ela quem controlava a profundidade e a força com que era tocada. Em seguida, Isabela permitiu que fosse realmente ele a penetrá-la.
O homem pôde ver a expressão de gozo na face de Isabela. Ela se contorceu de prazer, fechou os olhos e passou a língua nos lábios. Repentinamente pôs a mão no peito do homem pedindo-o que parasse. Ele obedeceu e ficou à espera que ela lhe desse alguma indicação. Isabela permaneceu com os olhos fechados mas mexeu os quadris no sentido inverso. Ela voltou a atingir o êxtase.
Ele sugou seu mamilo esquerdo, lambeu seu rosto e beijou-lhe a boca. Isabela mordeu-lhe ferozmente, gemeu mais alto e tornou seus movimentos mais rápidos e frenéticos.
Após mais um orgasmo, Isabela debruçou-se sobre ele por alguns segundos. Passados 15 minutos, já ela estava em frente ao semáforo, dentro de seu carro, a espera de que a luz verde permitisse que os carros pusessem-se em movimento.
Isabela tinha muito trabalho para fazer naquela manhã de terça-feira. Há dois minutos soube que sua paciente entrou prematuramente em trabalho de parto. Definitivamente seria um dia difícil.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Francisco, o filho
Adriana era agora uma mulher muito mais consciente de si, de suas necessidades. Aprendeu a ser-se suficiente, mas nem sempre fora assim.
Era uma pessoa regrada, nada dada a exageros ou extravagâncias. Mas apaixonou-se, e quando uma moça regrada se apaixona a mística da vida se liberta e permite que o destino flua.
Naquele encontro casual, com bocas se engolindo, mãos irriquietas, respirações ofegantes, suor, hálito, olhares entorpecidos pela libido, sussurros e orgasmos, fez-se a vida.
Cinco anos é algum tempo, com cinco anos uma criança já sabe ler, já sabe escrever, já sabe se questionar e interpelar outrem com suas inquietações, aos cinco anos nosso cérebro é genial e com cinco anos ninguém nos pode enganar.
Francisco contava cinco anos, há cinco anos que não tinha pai. Ele sabia que ele existia, mas este parecia estar muito ocupado e nunca pôde, desde seu nascimento, reservar uma parte de seu tempo para conhecê-lo. Francisco pusera essa questão a sua mãe algumas vezes e esta, naqueles momentos, contorcia o rosto com uma expressão de exasperação e medo, o que o deixava muito impressionado. À noite o menino ouvia sua mãe chorar sob a penumbra da janela e assim concluiu que falar de seu pai devia ser doloroso.
Nas férias de julho de 1995, Márcia o havia ido buscar à natação e quando chegou à casa, Francisco percebeu-a muito silenciosa. Era hora do almoço e o menino, mesmo tendo detectado o silêncio incomum, correu aos gritos para o banheiro para lavar as mãos. Márcia avisou-o de que a comida iria demorar mais algum tempo e ele pôs-se então a assistir alguma baboseira na televisão.
Entretanto, ouviu vozes vindas do quarto de sua mãe. Ela não deveria estar em casa a essa hora! Isso era estranho. Encaminhou-se curioso até lá e com uma grande ansiedade pôs a mão na maçaneta e adentrou o quarto. Viu um homem sentado na poltrona perto da janela e sua mãe na beira da cama, com uma expressão muita séria.
O tal estranho estava nervoso mas ao mesmo tempo parecia tentar se controlar a todo o custo. Tinha uma aparência muito singular. Era bonito, mais velho que sua mãe, cabelos grisalhos e dentes e olhos igualmente grandes. Francisco não teve medo daquele estranho, na verdade sentiu uma profunda alegria.
O menino respirou fundo e um segundo depois correu com todas as suas forças em direção ao homem. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e quando pulou e abraçou fortemente o pescoço de seu pai, Francisco disse que tinha certeza de que aquele momento chegaria.
Passaram a tarde toda conversando na varanda do apartamento. O menino mostrou o álbum de fotos que vinha organizando, assim ele não teria perdido os grandes momentos da sua vida. Francisco percebeu que seu pai ia chorar, seus olhos estavam avermelhados, carregados de lágrimas e seu peito parecia prender todo o ar. O menino disse que não fazia mal ele só ter aparecido naquele momento para conhecê-lo, o que importava é que ele estava ali.
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