Que seja um espaço vivo... um diário revoltado,aberto, público; Que seja suave,agradável,envolvente; Que seja quente,ardente,eloqüente... Que seja fácil,pronto,seguro,disposto.

sexta-feira, 15 de abril de 2011
Uma história do amor com final feliz
Era uma manhã de chuva, o céu acinzentado destoava do clima daquela cidade maravilhosa. Os pingos d´água molhavam a varanda da casa, os móveis de veraneio, as enormes janelas só de vidro.
Roberto estava pensativo naquela manhã chuvosa de julho, era domingo, era dia de descanso, dia de curar mais um pouco a sua osteoporose na alma. Estava embrulhado nos lençóis de seda cor de marfim, seu quarto cheirava a incenso indiano, comprado em sua última viagem.
Acordou com saudade, acordou e lembrou daquele beijo, aquele beijo, daquele beijo. Surpreendeu-se com aquele desejo, aquela saudade tão dolorosa que é sentir o sabor, o cheiro daquilo que sabemos já não mais poder ter.
Esta era a maior conquista de Paulina, e ela nunca o soube. Havia há muito ido da vida de Roberto, entretanto seu cheiro impregnara as narinas, a casa, o carro, as mãos, a boca, a mente e os lençóis deste homem.
Haviam passado muitas mulheres por aquela cama, mulheres mais sensuais, inteligentes, divertidas e fortes do que ela. Mas era Paulina quem Roberto amava, por mais difícil que fosse de se perceber este amor.
Era ela a mulher que Roberto procurava a meio da noite quando esticava o braço pela cama em busca de aconchego e proteção, era por causa dela que ele inconscientemente só se permitia dormir numa metade da cama. Foi para ela que ele comprou as violetas que ficam no centro da mesa da sala de estar.
Roberto sabia que Paulina não era a mulher mais bela do mundo, não era a mais perspicaz nem a mais elegante. Sabia que não era a mais ousada durante o sexo nem a mais madura emocionalmente mas ele a amava e para isso não encontrava explicação racional, só se conseguia lembrar do cheiro de seu perfume, do cheiro de seus cabelos quando acabados de lavar, do cheiro de seu creme de corpo e da sua pela macia, dos seus lábios naturalmente desidratados e da expressão de seu rosto durante o amor.
Neste instante lembrou-se que jamais conseguiria tê-la de volta, jamais conseguiria o seu perdão, sabia que Paulina era agora a mulher que ele jamais imaginou que ela pudesse se tornar, uma mulher amadurecida e lúcida que agora facilmente deslindaria seus defeitos e fraquezas, e isso ele não poderia suportar, por isso preferia viver de cheiros e lembranças do que de realidade e seus cruéis desafios diários.
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